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sbado, 20 de abril de 2024
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Ufes tem dificuldades para manter pesquisas e bolsas em cursos de pós-graduação

Ufes tem dificuldades para manter pesquisas e bolsas em cursos de pós-graduação

Pesquisadores e professores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) reclamam que não há verbas para manter bolsas de estudo e projetos. A crise econômica tem causado efeito em universidades públicas em todo o país, gerando frustração nos cursos de mestrado e doutorado.

O orçamento da Ufes deste ano é R$ 15 milhões a menos que dois anos atrás, segundo a reitoria. Com isso, projetos desenvolvidos há anos estão ameaçados.

É o caso da robô N-Mária, desenvolvida por alunos de mestrado e doutorado da Ufes para lidar com crianças com autismo. O projeto vem sendo desenvolvido há quatro anos e antes eram seis alunos trabalhando nele, mas agora são apenas dois.

O professor Teodiano Bastos explicou que não há expectativa de verbas. “Até 30 de junho nós ainda tínhamos um restinho de recurso, mas acabou totalmente. Agora estamos sem perspectiva, sem bolsas de estudo para novos alunos, e nós estamos aqui pensando em como seguir a pesquisa. Nós fazemos pesquisar inovadoras, com alunos de doutorado, mas como fazer uma pesquisa sem recursos?”, questionou.

Até março deste ano, o doutorado em engenharia elétrica da Ufes tinha 24 alunos. Hoje são 15 e pelo menos 10 projetos foram afetados com a falta de dinheiro.

“A dificuldade é como fazer com um número reduzido de alunos, sem novos alunos, sem recursos, e isso é bastante frustrante. A infraestrutura está bastante deficitária. Nossas pesquisas estão em perigo muito grande”, falou Teodiano.

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Robô N-Mária, da Ufes (Foto: Reprodução/TV Gazeta)

O jovem Thales Lopes Dias está no segundo ano do mestrado e desenvolve um projeto para pessoas tetraplégicas. Com o equipamento acoplado na cabeça, a pessoa consegue ligar e desligar aparelhos em casa. A bolsa de estudos que ele teria direito nunca chegou e hoje ele se divide entre a pesquisa e o trabalho fora da Ufes para se manter.

“Isso acaba limitando o tempo que eu tenho para dedicar na Ufes, então eu tenho que fazer a minha agenda muito bem programada para dar conta das demandas do trabalho e da pesquisa. De uma forma ou outra, isso acaba atrapalhando, pois eu poderia estar totalmente dedicado à pesquisa e talvez aparecessem mais resultados”, explicou.

Além disso, Thales lamenta a falta de oportunidades em participação de congressos dentro e fora do país por causa da falta de investimentos.

“Como pesquisadores, a gente acaba tendo bastante dificuldade. A gente submete artigo para congressos e não temos verbas para ir. Inclusive congressos internacionais, temos artigos aceitos no Canadá, e infelizmente os valores de inscrições e passagens a gente não consegue bancar. Infelizmente, negamos essas oportunidades que poderiam ser avanços para o nosso país”, disse.

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Em um projeto para pessoas tetraplégicas, com o equipamento acoplado na cabeça, a pessoa consegue ligar e desligar aparelhos em casa (Foto: Reprodução/TV Gazeta)

Financiadores externos

A explicação da Ufes para isso é que o dinheiro dedicado para o setor de pesquisa vem de financiadores externos, que são do governo federal, mas com os cortes no orçamento este ano, novos editais não foram abertos e para os que já estavam aprovados, a verba não veio.

“Os editais, que são o principal mecanismo e busca de recursos por parte dos pesquisadores, têm sido diminuídos de maneira significativo e os recursos estão ficando cada vez mais escassos. Se por um lado nós temos estudantes de mestrado e doutorado interessados, pesquisadores produtivos, começamos a ter dificuldades de financiamento. Acabamos por deixar essas mentes brilhantes partirem”, explicou o pró-reitor de pesquisa e pós graduação da Ufes, Neyval Costa Reis Júnior

Formas de economizar

O pró-reitor de planejamento da Ufes, Anilton Garcia, explicou que a universidade está buscando novas formas de economizar em todos os setores, para que as contas fechem.

“A primeira coisa que nós fizemos foi rever a metodologia de alguns contratos. Quando vence o ano do contrato, nós encerramos o contrato e fazemos novas licitações, com novas de contratação. Isso também tem reduzido. Também fazemos ajustes, principalmente os ligados ao serviço terceirizado e à manutenção. Nós estamos usando mão de obra de apenados, que são pessoas que já estão praticamente em liberdade, para fazer os trabalhos principalmente de limpezas externas na universidade. Nós estamos usando 20 dessas pessoas e também capacitando mais 20 para agregarem, com a promessa do governo do estado de chegarmos a 150 pessoas”, disse.

Fonte; G1