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sexta, 26 de abril de 2024
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Saúde feminina: hemorragia pós-parto é principal causa de morte materna no mundo

Saúde feminina: hemorragia pós-parto é principal causa de morte materna no mundo

Quadro médico é facilmente revertido, porém complicações ainda acometem milhares de mulheres

Todos os anos, diversas mulheres são impactadas por sangramento excessivo após dar à luz, condição conhecida como hemorragia pós-parto (HPP). Embora a maioria dos óbitos seja evitável, a HPP é a principal causa direta de morte materna no mundo, responsável por aproximadamente 70 mil casos por ano, segundo análise conduzida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), agência especializada da ONU. O número de mortes maternas pode ser ainda maior, já que nem todos os casos são reportados como tal, o que dificulta a contabilidade da estatística. Esse fato levou a OMS, junto à Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), a criar uma ferramenta online para unificar os indicadores e facilitar a avaliação dos casos, para cada vez mais mudar essa realidade e garantir o direito fundamental à vida.

Entenda

Mortes maternas são aquelas relacionadas à gravidez, ao parto ou ao puerpério, período que dura cerca de 45 dias após o nascimento do bebê. É considerada hemorragia quando ultrapassa 500 ml de sangue perdido durante o parto natural ou 1000 ml durante a cesárea, e ocorre quando o útero não consegue se contrair sozinho após o nascimento do bebê. Alguns fatores podem colaborar para essa condição: trabalho de parto prolongado, grande distensão do útero por conta de gravidez múltipla, dificuldade de coagulação e uso de certos medicamentos sem acompanhamento médico.

Cenário brasileiro

Com base no cruzamento dos dados disponíveis no DataSUS e na OMS, a DW-Brasil concluiu que o Brasil é responsável por cerca de 20% das mortes maternas em todo o mundo. O país faz parte de uma lista da ONU de 75 países que se comprometeram a reduzir a mortalidade materna até 2030.

Em 2015, a ONU divulgou que o Brasil era o quinto país mais lento na busca da redução dessas mortes. Os dados preliminares de 2017 do Ministério da Saúde mostram que houve uma pequena redução nas mortes maternas no país em 2017, mas elas ainda são frequentes e ocorrem em todos os estados nacionais: enquanto 65.481 mulheres morreram em idade fértil em todo o território em 2016, em 2017 houve 57.560 óbitos, sobretudo por hemorragias e hipertensão.

Um retrato socioeconômico

Apesar de ser uma condição universal que aflige mulheres de todas as classes sociais, o cenário é mais agravante em regiões mais afastadas. Um acompanhamento falho ou inexistente durante o pré-natal inviabiliza as chances de um diagnóstico precoce da saúde da mãe. Condições precárias de atendimento também são fatores agravantes, já que um suporte de emergência pode ser determinante para salvar vidas.

O tratamento mais conhecido para o sangramento excessivo no pós-parto é a aplicação intravenosa de ocitocina sintética, uma versão do hormônio naturalmente produzido por parturientes. A medicação é extremamente sensível e necessita de refrigeração (entre 2°C e 8°C), o que limita o transporte e o armazenamento em áreas mais remotas, onde ocorrem justamente 99% das mortes relacionadas à HPP. Diante disso, não é de se espantar que mulheres de baixa renda sejam as principais vítimas dessa condição.

Novo aliado

Uma opção inovadora com potencial de salvar a vida de milhares de mulheres é a nova aposta da Ferring Phamaceuticals: a carbetocina termoestável é o resultado de diversas pesquisas e muito desenvolvimento e provou em estudo ser a substituta ideal para o padrão atual de tratamento, já que é muito mais resistente a mudanças climáticas e permanece eficaz mesmo em altas temperaturas – sua durabilidade é assegurada por pelo menos três anos se armazenada a até 30 °C, e por seis meses a até 40 °C.

Publicado no New England Journal of Medicine, o estudo clínico CHAMPION foi realizado com quase 30 mil mulheres em dez países. Conduzido pela OMS com colaboração da Ferring e MSD for Mothers, este é o maior estudo realizado na prevenção da HPP, e concluiu que o novo medicamento deve ser o tratamento prioritário em países de baixa e média baixa renda, onde é mais difícil manter a refrigeração adequada.

Com esse resultado positivo do estudo, a Ferring fabricará a carbetocina termoestável e submeterá a nova apresentação para registro em vários países do mundo, incluindo o Brasil. A OMS, a Ferring e a MSD for Mothers trabalharão em conjunto com o objetivo de disponibilizar a medicação a um preço acessível e sustentável para o setor público de países que apresentam um alto índice de mortalidade materna.