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sexta, 29 de maro de 2024
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ARTIGO: AGRADECER SEMPRE

ARTIGO: AGRADECER SEMPRE
Chegou o grande dia aguardado há muito tempo. Naquela noite seria a formatura de Jorge. Ele havia cursado Direito e desejava ser um grande advogado. Mas a história dele tem início numa pequena comunidade rural no sul do Espírito Santo. Era filho do casal Joaquim e Ana e tinha à época, oito irmãos. Todos trabalhavam na lavoura. O mais novo tinha dez anos e o mais velho, vinte e cinco. Com dificuldades, o casal educou todos os filhos e um, Jorge, se destacava mais e tentou o vestibular. Passando, as despesas da família aumentaram e todos abdicaram de estudar para garantir a educação acadêmica de pelo menos um membro da família. Após concluir quatro períodos do curso, sua mãe Ana veio a falecer, vítima de infecção hospitalar. Os anos foram passando, todos trabalhando de sol a sol e Jorge estudando. No discurso de formatura, Jorge cometeu um lapso: em suas palavras esqueceu de mencionar a presença da família, talvez por estarem mal vestidos e serem pessoas humildes. Termidada a grande festa, Joaquim e os filhos foram embora e Jorge continuou ali. Mais uns meses, já com seu registro em dia, foi advogar em uma cidade grande. Logo logo sua fama cresceu e era muito requisitado. Se tornaram comuns as suas entrevistas nos jornais impressos e televisivos. Como num passe de mágica se tornou detentor de vários escritórios de advocacia no edifício mais magnífico da cidade. Lá distante, na roça, aconteceu uma grande tristeza: um vizinho rico acusou Joaquim de estar invadindo suas terras e o pai de Jorge não tendo dinheiro para contratar um advogado, viajou à cidade para conversar com o filho. Tímido e muito nervoso, após horas procurando, encontrou o prédio onde o filho trabalhava. Pediu ajuda e uma pessoa ensinou-lhe a pegar o elevador. Chegando ao escritório, todo feliz anunciou que era o pai do doutor Jorge e que gostaria de vê-lo. Para sua tristeza, a secretária perguntou-lhe se ele havia marcado horário? Joaquim, atônito, disse: eu sou o pai do doutor. A secretária por sua vez disse-lhe que as ordens do chefe era de não atender ninguém que não houvesse agendado. Joaquim ainda perguntou: – mas meu filho está aí? Ela respondeu: – doutor Jorge está ocupado e não vai atendê-lo. Se quiser, volte em outro momento. Vou ver aqui quando há vaga. Joaquim, desesperado e chorando muito, desceu vinte andares pelas escadas e foi para uma pensão onde havia alugado um quarto e ali permaneceu por dois dias. Transtornado, ligou o seu fusquinha e partiu para sua longínqua morada. De repente, em um trecho deserto da estrada avista um carro sofisticado aberto, com os faróis acesos e portas abertas. Ele pára para averiguar o ocorrido e depara com uma cena infeliz: três pessoas mortas e uma agonizando. Logo percebeu se tratar do seu filho Jorge. Sem titubear, apanhou o rapaz e e levou-o a um hospital onde foi tratado e se recuperou. Joaquim contou a Jorge o ocorrido no escritório e este, pedindo perdão, decidiu voltar para as proximidades da casa do pai e só defender causas de pessoas de pequeno poder aquisitivo e livrou o pai da acusação de invasor de terra. Jorge desfez-se de muitos bens e dividiu entre os irmãos tudo que arrecadou como forma de agradecer-lhes o que fizeram por ele. Termino lembrando que:  “sempre é tempo de agradecer e reconhecer às pessoas que nos ajudaram a crescer”
(José Alberto Valiati )