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sexta, 17 de maio de 2024
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Rio Paraopeba está morto a 40 km de distância da barreira rompida em Brumadinho, aponta análise

Rio Paraopeba está morto a 40 km de distância da barreira rompida em Brumadinho, aponta análise

O Rio Paraopeba está morto a 40 km de distância da barreira rompida em Brumadinho, segundo uma análise da água realizada pela Fundação SOS Mata Atlântica, divulgada neste sábado (2).

“Em todas as expedições que a SOS faz nos 17 estados do Bioma Mata Atlântica, nas grandes bacias, nos grandes rios, a gente nunca viu um rio morto desta forma. A gente diz que o rio está morto porque ele não tem nada de oxigênio na água, não tem nenhuma condição de abrigar vida aquática, espécie alguma e muito menos da água ser utilizada por qualquer pessoa”, afirmou Malu Ribeiro, especialista em águas da ONG.

“Essa água não pode ser utilizada pra nada. É uma água, realmente, morta”, disse Malu Ribeiro.

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Água do Rio Paraopeba está muito comprometida — Foto: Reprodução / TV Globo

Representantes da ONG (criada na década de 1980 para defender os últimos remanescentes de Mata Atlântica) já analisaram a água em 4 pontos do Rio Paraopeba desde a última quinta-feira (31). O projeto pretende realizar exames em mais 16 pontos nos 356 km do rio, de Brumadinho à Hidrelétrica Retiro Baixo e o reservatório de Três Marias, em Felixlândia.

Apesar do desastre ambiental, Malu Ribeiro acredita que, se medidas corretas forem tomadas, o rio será recuperado.

“Os grandes rios têm uma grande capacidade de regeneração. Mas, pra que isso aconteça, é fundamental que toda a mata que ele perdeu com essa devastação seja recomposta, que o solo seja recomposto, porque é justamente a floresta que mantém o ciclo hidrológico. E é isso que o rio precisa agora.”

No primeiro dia da viagem o resultado foi negativo. A chuva também atrapalhou o acesso aos locais de análise. Os dois primeiros pontos monitorados pela equipe estavam com qualidade de água ruim.

A primeira análise foi realizada 100 metros antes da área afetada pela lama e o resultado ali já demonstrava que a situação não seria boa. Já no município de Mário Campos o cenário foi ainda mais desolador.

“Neste local ,sequer foi possível analisar outros indicadores a não ser a oxigenação da água, que chegou a zero, e a turbidez, que estava quase 100 vezes o indicado pela legislação para água de rios e mananciais. O rio mais parecia um tijolo líquido“, afirma Malu Ribeiro, especialista em Água da Fundação SOS Mata Atlântica.

A turbidez da água é avaliada pela quantidade de partícula sólida em suspensão, o que impede a passagem da luz e a fotossíntese, causando a morte da vida aquática. No local, a turbidez chegou a quase 10 mil NTU – o ideal segundo a legislação para água doce superficial é de até 100. NTU é a sigla em inglês para a unidade matemática Nefelométrica de Turbidez (Nephelometric Turbidity Unity).

Neste sábado, a equipe da SOS Mata Atlântica iniciou as atividades nos municípios de Pará de Minas e Juatuba.

“Nessa região é onde está sendo feita a barragem de contenção de rejeitos em área de captação de água. Lá, conseguiremos saber se essa estratégia está funcionando ou não“, explicou Malu RIbeiro.

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Rejeitos da mina da Vale coloriram de marrom as águas do Rio Paraopeba — Foto: Reprodução / TV Globo

Neste fim de semana, deve ser finalizada a montagem de estruturas de contenção de rejeitos do Rio Paraopeba. A estrutura da “cortina antiturbidez” foi anunciada pela empresa na última segunda-feira (28) como uma medida para conter os rejeitos da lama que descem pelo curso d’água do rio. Parte da rede de contenção foi instalada nesta quinta-feira (31) no entorno das bombas de captação do Sistema de Abastecimento Paraopeba.

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Arte mostra como funciona a cortina antiturbidez, sistema que protegerá bombas de captação de água no Rio Paraopeba — Foto: Alexandre Mauro/Arte G1

 

 

 

Fonte: Agência Brasil