A estimativa de produção de café no Brasil para a safra 2025/26 (julho/junho) caiu 3% em relação à safra anterior, segundo reavaliação feita pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) em dezembro. O volume agora estimado é de 63 milhões de sacas, contra 65 milhões em 2024/25. A informação consta do relatório semestral do Serviço Agrícola Estrangeiro (FAS) do USDA.
A USDA também reduziu em 2,4% a previsão para as exportações de café brasileiro, calculada agora em 40,75 milhões de sacas (ante os 44,75 milhões estimados para 2024/25). A queda é atribuída aos volumes recordes exportados em 2024, à menor disponibilidade de café e ao aumento das tarifas que foram impostas pelos EUA entre agosto e novembro. Esta semana, o Cecafé calculou que, até novembro, as exportações de café brasileiras somaram 36,868 milhões de sacas.
A causa principal para o volume menor de produção em relação a 2024 foram as condições climáticas adversas nas fases iniciais de desenvolvimento dos arábicas, cuja queda da safra está estimada em 13% (38 milhões de sacas, abaixo da previsão inicial de 40,9 milhões). Essa queda é atribuída à precipitação abaixo da média em regiões-chave, especialmente durante a florada, o que comprometeu o potencial produtivo dos cafezais.
Produção de canéforas cresce
Situação oposta é a da produção de cafés canéfora, que deve crescer 19% (25 milhões de sacas, 19% acima das 21 milhões anteriormente projetadas), beneficiada por condições climáticas favoráveis. Os preços elevados desses cafés também permitiram maior investimento dos cafeicultores.
O número projetado pelo USDA é bem maior do que os da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de 55,3 milhões de sacas (35,2 milhões de arábica e 20,1 milhões de sacas de cafés canéfora) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 56,8 milhões de sacas (37 milhões delas de café arábica e 19,8 milhões de canéfora). Vale ressaltar que ambos os órgãos oficiais trabalham com metodologias distintas.
Estoque de café continuará baixo
De acordo com o relatório, os estoques finais para a safra 2025/26 devem contabilizar 485 mil sacas – o que significa que a colheita não será suficiente para recompô-los.
Segundo a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa), diz o relatório, a safra 2025/26 de arábica no estado deve ser 11% menor que a anterior, por causa das ondas de calor, seca e chuvas irregulares nos meses que antecederam a florada. Também em São Paulo, as altas temperaturas e a falta de chuvas na fase de desenvolvimento reduziram a produção dos arábicas. Já o Espírito Santo – terceiro maior produtor de arábica do país – espera queda superior a 15% na produção, devido à redução da área cultivada, provocada por altas taxas de poda e clima adverso, e à queda de rendimento das plantas.
O cenário de conilons e robustas é outro. Embora Espírito Santo e Bahia possam reduzir a safra 2026/27 por ajustes na produção, como podas, o primeiro prevê aumento de mais de 22% no volume de conilon em relação a 2024, impulsionado pelo clima e pelos investimentos em mecanização. De acordo com o Incaper, diz o relatório da USDA, o primeiro semestre de 2025 permitiu condições favoráveis ao crescimento vegetativo dos pés de café (cerca de 70% das lavouras no estado são irrigadas).
Na Bahia, a projeção feita pela Conab posicionou o estado como segundo principal produtor de canéfora, superando Rondônia. Com chuvas favoráveis, espera-se rendimento de 3,29 milhões de sacas, informa o relatório da USDA. Mas Rondônia também deve registrar uma safra maior em 2025/26, com a melhora das condições climáticas ao longo do ciclo, que resultou em boa carga de frutos.
Fonte: cafepoint
