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sexta, 26 de abril de 2024
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Lava Jato: MPF denuncia Maersk por corrupção em contrato com a Petrobras

Lava Jato: MPF denuncia Maersk por corrupção em contrato com a Petrobras

A força-tarefa da Operação Lava Jato no Ministério Público Federal (MPF) no Paraná denunciou nesta sexta-feira (21) dois representantes da empresa Maersk – operadora dinamarquesa de logística para serviços de navegação marítima – e um ex-funcionário da Petrobras por participação em esquema de corrupção em contratos de afretamento de navios.

Wanderley Saraiva Gandra e Viggo Andersen, respectivamente representante contratado e executivo da dinamarquesa Maersk no Brasil, foram denunciados por corrupção ativa. Eduardo Autran, então subordinado a Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, foi denunciado por corrupção passiva e peculato.

Os crimes contra a estatal resultaram em prejuízos de pelo menos US$ 31,7 milhões (equivalentes a R$ 177,8 milhões em valores atuais) à estatal, afirma o MPF. As denúncias foram oferecidas após investigações de crimes relatados por Costa em sua delação premiada.

“Entre 2006 e 2014, Andersen, como representante da Maersk no Brasil, ajustou comissões com a Maersk internacional no valor de 2,50% do valor dos afretamentos pagos pela Petrobras, a fim de que metade desse valor fosse repassada para a empresa Gandra Brokerage, empresa de Wanderley Gandra criada para intermediar os contratos de afretamento para a Maersk. Gandra, então, repassou a título de propina a metade (0,75%) para Costa. ”, disse o MPF, em nota.

Em contrapartida, prossegue a denúncia, o ex-diretor da Petrobras forneceu à Maersk informações privilegiadas sobre as demandas da empresa no afretamento de navios de grande porte. Esse arranjo resultou no pagamento de pelo menos R$ 4 milhões de Andersen e Gandra, para Costa.

“Já Autran, enquanto gerente-geral de Transportes Marítimos e gerente executivo de Logística da Petrobras, atuou para o recebimento da vantagem indevida para Costa por meio da execução de ordens ilegais e tomadas de decisões administrativas deliberadamente prejudiciais à Petrobras”, afirmou a força-tarefa, estimando que apenas as ações dele tenham causado prejuízos de US$ 23 milhões à estatal.

O MPF pediu o confisco de bens avaliados em pouco mais de R$ 8.078.530,24 correspondente à comissão de 1,25% paga à Gandra Brokerage, e de igual valor correspondente à comissão de 1,25% paga à Maersk Brasil.

“Pede, ainda, reparação dos danos causados à Petrobras no valor mínimo de US$ 31.705.889,03, correspondente aos valores pagos pela Petrobras em razão do afretamento de navios da Maersk e que foram utilizados para o repasse de comissões ilícitas e aos valores relativos ao peculato imputado a Autran.”

Em nota, a Maersk afirmou que “leva essas alegações muito a sério e continua comprometida em cooperar com as autoridades durante a investigação”. “Bem como em conduzir nossos negócios em conformidade com as leis anticorrupção em todos os locais de operação. Como a investigação está em andamento, não comentaremos mais sobre o caso.”

CNN não conseguiu contato com a defesa de Autran. O espaço permanece aberto para manifestações.