“Tenho 41 anos e desde que trabalho com café eu nunca havia visto algo assim na região”, afirmou o cafeicultor Leandro José, de Bom Jesus da Penha – MG.
O produtor, que tem uma área de 1 hectare para produzir no próximo ano, estima uma perda de mais de 50% nessa área, após a intensa chuva de granizo, acompanhada de fortes rajadas de vento, atingirem diversas lavouras no Sul de Minas Gerais na tarde da última sexta-feira (25). “Eu já havia colhido toda a safra/25, mas minha irmã tem aqui do lado para colher uns 6 hectares, e derrubou a metade da produção que estava no pé”, lamentou.
A forte chuva atingiu os munícipios de São Sebastião do Paraíso, Jacui, Guaxupé, Guaranésia, Arceburgo, Monte Santos de Minas, Itamogi, Muzambinho, Cabo verde, Monte Belo, Nova Resende, Bom Jesus da penha, São Pedro da União, Alpinópolis, Passos. O engenheiro agrônomo e consultor em cafeicultura, Jonas Leme Ferraresso, explica que esse evento climático não é comum em pleno inverno, “de setembro a novembro é mais comum a ocorrência de granizo, porque estes meses registram condições climáticas esperadas e mais coniventes para a formação do evento”, completou.
Ferrareso reforça que os danos nas lavouras são graves, incluindo queda de folhas e frutos, quebra de ramos, entre outros impactos. “O granizo machuca a planta, que fica com as feridas abertas, podendo assim trazer doenças típicas, como: antracnose e phoma, que entram por esses machucados. E com o desfolhe, a chance da retenção de florada fica pequena”, destacou.
Em um artigo elaborado e publicado pelo pesquisador e professor da UFLA ( Universidade Federal de Lavras), José Donizeti Alvez, ele orienta que o ocorrido já exige ações imediatas, com o objetivo de acelerar a cicatrização das feridas e prevenir infecções. “Neste momento, apesar da surpresa causada pela improvável ocorrência de chuvas de granizo, recomenda-se que os cafeicultores antecipem, assim que possível, a aplicação de fertilizantes foliares, especialmente micronutrientes e bioestimulantes. Esses produtos desempenham papel fundamental na mitigação do estresse oxidativo e na retomada das atividades fisiológicas das plantas, favorecendo a produção de energia, essencial para que o cafeeiro possa superar, mais uma vez e no menor espaço de tempo, as adversidades climáticas impostas por este evento extremo que foi a chuva de granizo”, complementa a publicação.
Mesmo estimando um prejuízo em torno de 60% em sua produção, um cafeicultor do munícipio de Alpinópolis – MG afirma que começou com as aplicações, para tentar mitigar demais estragos, “A perda será grande, mas já estou fazendo as pulverização de controle, para não entrar bactérias e fungos”, contou.
Já pelo lado financeiro, o sócio diretor da Pine Agronegócios, Vicente Zotti, orienta que o produtor afetado faça imediatamente um laudo agronômico (tendo ou não financiamento), “através deste laudo, o produtor pode ir aos bancos solicitar a prorrogação ou renegociação destes títulos, mantendo as taxas de juros contratada. Outra coisa, o produtor deve se preparar e já prever sua necessidade de caixa, para não encarar de surpresa uma frustação de receita para safra de 2026”, afirmou o especialista.
O presidente da Associação dos Cafeicultores do Sudoeste de Minas, Fernando Barbosa, afirmou que um levantamento técnico está sendo elaborado para estimar os números precisos dos prejuízos na região. “Este é um momento desafiador, muito triste e nossa união é fundamental. Peço a todos os que sofreram danos que documentem a situação de suas lavouras por meio de fotos e relatórios detalhados por agrônomos com laudo técnico. Essa documentação é crucial e deve ser enviada à associação, para que possamos consolidar as informações. Elaboramos também uma carta destinada ao Governador Romeu Zema, solicitando o adiantamento das linhas de crédito, tanto das parcelas vencidas quanto das vincendas, visando à próxima safra 2025/2026”, informou.
Confira alguns vídeos enviados pelos produtores locais:
Notícias Agrícolas
